terça-feira, 19 de maio de 2015

Carta ao meu futuro namorado

Querido ex:
Espero que meu futuro namorado seja tão atencioso quanto você. Que me faça rir e que descubra que eu sinto cócegas. Que nunca encha o meu copo até o tampo, mesmo que eu beba a metade e depois encha novamente. E que note que eu nunca bebo o restinho de qualquer bebida (exceto água, que eu lanço fora, pois a água tem outra justificativa: é para o santo!). Sabe o que é, é que eu sempre acho que alguma coisa decantou e que aquele restinho é, possivelmente, uma sujeira. Eu quero que ele entenda que apesar de parecer meio paranoica demais eu só quero garantir que tudo fique bem. Que tudo esteja sob o controle (o meu). Então eu vou sempre conferir se a toalha está com cheiro de cachorro molhado, se tem comida suficiente para passarmos o final de semana e bla bla bla. Espero que ele nunca se atrase! Pois você, mais do que ninguém, sabe que eu odeio atrasos, eu diria que é um pouco de "distúrbio do europeu". 
Eu quero que antes de dormir você descubra logo que eu só durmo rapidinho com meu ursinho de pelúcia ou com um carinho no umbigo (ou ambos).
Eu não ligo tanto para presentes, só nas datas especiais, mas gostaria que você me desse muitas "comidas surpresas"! Isso realmente me deixa muito feliz.
Eu gostaria, meu caro, que ele fosse um tanto diferente de você. Que que na verdade que ele me faça rir pelo momentos felizes e não porque eu sinto cócegas e aliás eu odeio cócegas. Que ele me aborreça sempre com essa história de "enche só meio copo, por favor?" e diga "Mas gata, você sempre toma dois meios...". Que ele veja que essa história de beber o restinho do copo é para o santo, mas que ele pode ser o santo da vez.
Que ele regule, que brigue que reclame que dê a sua própria opinião e que me ajude a julgar que mesmo fora do meu controle ou as coisas fora do controle ainda assim estará tudo bem. Que ele me ajude a conferir se a toalha precisa ser lavada e que me ajude a fazer as compras para o fim de semana e que até mesmo um garoto pode cuidar de mim!
Que ele até pode se atrasar, mas que nunca me esqueça (e ainda assim ficarei brava, mas é o só a raiva, ainda assim vou gostar dele).
Eu espero que ele me mostre que além de gostar de dormir com um ursinho de pelúcia e gostar de carinho no umbigo antes de dormir que cafuné é muito mais gostoso. E trocaria qualquer ursinho pelo seu colo.
Eu ainda adoro "comidas surpresas"! E descobri que as datas especiais são aqueles dias que estamos juntos e de preferência nos dias que tudo dá errado.

Da namorada dele,
aquele abraço




quinta-feira, 8 de maio de 2014

O rapaz que não bebia café

   Havia pouco tempo que eu tinha me mudado para aquele bairro. Ainda estava por conhecer as padarias, as lojas, os pets, a rotina dos carteiros, os cachorros e é claro os cafés (que convenhamos era algo muito importante!). Andei alguns dias procurando o café ideal entre conselhos e pistas dos vizinhos, colegas de trabalho e boatos. Fui parar em vários cafés... Cafés fechados, abertos, cafés héteros e homoafeitivos, café-padaria, padarias-café até chegar em um cafézinho que ficava no final da avenida onde eu morava. 
   Era um tanto agradável, um tano confortável, um tanto café: quente, nostálgico e aconchegante. A pouca iluminação dava ainda mais este sentimento de aconchego além da decoração com flores, samambaias, a música francesa e a clientela que a cada semana que se aproximava o inverno aparecia com mais e mais camadas de roupas e cachecóis.
   A minha rotina era basicamente acordar cedinho, comprar pães para o café da manhã, ir para o trabalho e esperar ansiosamente para o fim do dia em que eu ia mais uma vez ao café. Acontece que nosso subconsciente é por vezes traiçoeiro e eu sabia que a ansiedade não era só para saborear cafés, cappuccinos e afins.
   Aquela figura sempre me deixava muito curiosa. Era um rapaz que aparentava quase a mesma idade que a minha. No verão usava bermuda, chinelo e estava sempre lendo alguma coisa. No inverno era casaco cinza, bermuda e chinelo e sempre estava escrevendo alguma coisa. Ele sempre ia ao café com a mesma frequência que eu ia (todos os dias), acho que nesse um ano que passei a morar aqui não vi apenas quando me atrasei muito. Se eu chegasse às 19:00 ele chegaria em 5 minutos. Ele era do tipo de pessoa que a gente não conhece, mas já viu tantas vezes que parece conhecer há anos... Mas o que mais me chamou atenção nele não era o chinelo, nem o casaco, nem a falta de frio era que eu nunca o vi tomando café no café. Porque então ele iria a um café se sempre tomava o mesmo chá de jasmim?
   Todos os dias eu só pensava em como poderia puxar um assunto com ele para no final das contas perguntar porque diabos ele ia para um café tomar chá. Já pensei em perguntar "O que você está lendo?", mas fiquei com medo de não conhecer aquilo que ele estava lendo e o assunto morrer. Pensei em começar com "Chá de jasmim é bom? Sabia que jasmim é a minha flor preferida?", mas tive medo de parecer uma cantada ou que sou uma desamada que nunca recebeu flores. Pensei até em usar chinelos no inverno, comprar um casaco cinza, tomar chá também para chamar atenção, mas no final sempre me faltava coragem...
   Aquele mistério, aquela pergunta, aquela curiosidade me tirou várias vezes o sono até o último dia do inverno daquele ano. Eu acordei disposta a mudar toda a minha rotina para no final ter coragem de falar com ele. Não comprei pão, fiz um bolo de laranja para o café da manhã. Liguei para o chefe e disse que não ia trabalhar. Conversei com o carteiro e o ajudei a entregar algumas cartas, brinquei com os cachorros que estavam na rua até que enfim chegou a hora de ir para o café. Chegando lá eu acho que ele havia decidido mudar a sua rotina também pois eram 19:00 e ele já estava lá e fiz questão de sentar em uma mesa perto da dele para que pudéssemos ter uma maior intimidade. Pedi o meu café e fiquei esperado o momento ideal para levantar e ir até aquela mesa. Não havia ensaiado nada e acho que por isso minhas mãos suavam tanto. Eu queria sentir a hora certa que eu deveria me levantar, fazia apostas malucas como "A primeira pessoa que entrar de casaco vermelho com estampa de canarinhos é porque é a hora de eu ir lá e falar com ele", mas comecei a reparar que eram apenas desculpas e que o tempo só ia passando. De repente entra uma linda menina que deveria ter uns 6 anos e começa a falar com ele:

- Moço, porque não está tomando café? - disse ela com uma cara risonha.
- Posso te contar um segredo?
- Pode. Juro juradinho que não conto para ninguém.
- Se você não tomar café você será criança para sempre. É por isso que eu não tomo café.



Essa não é a primeira

"Sim, eu sei eu disse que aqui a casa é triste
Sim, eu sei eu disse que não era pra voltar, mas volta já"
Vou abri essa janela, sua casa ainda é aqui...
Agora que eu cheguei, ta na hora de voltar.
Senta aqui para um café...
Enquanto me conta das suas coisas e esbarras seus pés gelados nas minhas pernas e sorri roseada, como se se desculpasse.
E se desculpa o tempo inteiro.
Eu sei que eu toquei os últimos versos
mas cada vez que fecho os olhos e lembro desse sorriso eu faço uma canção.
Essa não será a última...

Sem você aqui eu mi sinto tão sol
É melhor voar si não quiser ficar com 
Peço pra voltar de
sem me lembrar que sempre estará lá.
E mesmo assim eu faria tudo novo, de novo.
Esse fim parece que começa como os finais costumam começar...




segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

De tudo ao meu amor serei atento

Uma cama de solteiro, cabeça lado a lado, braços sobrepostos e sorrisos trocados. Ora, haverá sempre de caber mais um aqui – pensei. Meus pensamentos contemplam aquele seu olhar que do contrário do meu, sem sono, observa tudo com muito atento. Os meus olhos, minhas orelhas, meu nariz... Olha meus lábios enquanto acaricia meus cabelos e desmancha meus cachos.

Eu sussurro para o travesseiro como se você ainda estivesse aqui, como se ele fosse você.  Eu o abraço como se ainda existissem os seus braços aqui. Sorrio, conto histórias mescladas de palavras depravadas, como se sua presença serena e risonha ainda estivesse aqui. Acordo na calada da noite e digo – Vou fazer um xixi, já volto, meu bem!  Acordo cedinho para preparar o nosso café, mas a segunda xícara se esfria enquanto eu começo mais um monologo...

Eu juro que preferiria que o seu corpo fosse tão presente quanto a sua ausência, mas agradeço um dia poder ter sussurrado em seu ouvido, abraçado os seus braços, pelas horas e horas de casos e histórias contadas, pelas acordadas na madrugada, por contemplar o seu sono mesmo hesitando por um instante antes de fazê-lo por causa dos pés gelados doidos para se enfiarem nos cobertores só para olhar mais uma vez o seu sono... Agradeço pelos cafés gostosos e sonolentos em que mesmo que eu ainda falasse muito você ficava ali sorrindo com os olhinhos em lua minguante sem graça e pensando “Essa criatura, certamente, não tem fundo para tanta conversa!” e então as xícaras terminavam frias, mas vazias.


"De tudo, ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento."

(Vinicius de Moraes)


segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

Moça, eu lembro do dia que você chegou como quem nunca fosse sair...
Disse que naquele dia tinha segurado a minha mão, mas eu nem estava ali.
Moça, quando você sorri assim para mim como esse sorriso que acabo de ver me diga como que eu vou correr?
Moça, essa noite eu pintei a lua só para te dar.
Moça, não é clichê, mas eu te darei todos os anéis de saturno se você chegar.
Moça, eu vou desenhar você e colorir de vermelho joaninha!
Oh, moça...
Eu disse que aqui era muito triste para você ficar,
você foi e se foi eu nem vi...
Moça, como que vou te esquecer se você nunca esteve por aqui?
Me atrevo a te inventar...
Moça, eu sinto como quem perde algo, mas tento te encontrar, mas eu nunca nem se quer te achei...
Me atrevo a te inventar.

sexta-feira, 13 de setembro de 2013

A culpa que a gente tem (3)

Que culpa a gente tem, meu bem
Se nasce em qualquer parte que haja amor
As flores deste nascem e desnascem?
Que culpa a gente tem, meu bem
Se o bom nasce e o que deixou de ser se vai

Como o vai e vem das árvores...

quinta-feira, 22 de agosto de 2013

Do amor às coisas

A cada berço nasce
Bandas e bandas de laranjas,
Tampas e panelas
Tigelas, frigideiras
Chinelos e pés cansados...

Embora temidos,
Destemidos, oblíquos e dissimulados,
Maturados, infantilizados, doces, amargos,
Pinks e Floyds, Disneys, loucos, vairados, bêbados, noitados, internetados, francesados...

Por mais que a diversidade nos afronte e a razões nos condene,
que Ele caminhe entre os dias - todos os dias - com a gente.


quinta-feira, 11 de julho de 2013

Chegada ao céu

Bati as botas na madrugada de terça-feira. Por bom comportamento fui para a abóboda celeste. Composições de Mozart, anjinhos dançando, algodão-doce por toda parte. Realmente, eu só poderia estar no céu! Por aquele momento me contentei em andar serenamente por aquele cenário divino. Do lado direito havia uma fila enorme e algumas setas flutuantes, me aproximei de uma pessoa e perguntei o que seria aquele fila enorme e porque que haveria de ter fila no céu! Ela me disse que eu deveria entrar ali para conversar com Ele. Era a fila para o tal juízo final. Indigne-me! Fui até a frente para saber que falta de delicadeza era essa. Chegando no portão havia uma placa com as seguintes informações:

SE FOI-SE NA SEGUNDA, AGUARDE CINCO DIAS
SE FOI-SE NA TERÇA, QUATRO
SE FOI-SE NA QUARTA, APENAS TRÊS
SE FOI-SE NA QUINTA, MAIS DOIS
SE FOI-SE NA SEXTA, ATÉ AMANHÃ.
               
Cacildes! – falei – que isso, meu deus? - Deus só atende nos final de semana! – respondeu bravamente o senhor barbudo a minha pergunta retórica. Bom, fazer o quê? O jeito  é esperar a foice daqui quatro. Dia um, dois, mais um e chegou sábado. A fila já estava quase que voltando para a terra de novo, as conversas eram rápidas e a gente só via uns aparatando e outros sendo levados pelos anjinhos. Já era quase segunda-feira quando chegou a minha vez.
- Olá!
- Seu nome não é bíblico, você não rezou todas as noites... Disse mais de mil vezes palavrão e me acordava sem parar falando “meu deus, meu deus, meu deus”...
- Sim...
- Não dava dízimo à igreja, não ia à missa, só leu a bíblia em latim porque foi avaliação obrigatória na escola, fazia músicas, mas nenhuma foi em minha homenagem, não casou na igreja...
- Claro! Era caro, eu queria ir para o Caribe na lua de mel.
- Enfim, quer que eu continue?
- Não precisa não.
- Então pode ir por aquela porta ali.
- Sim, mas me diga só uma coisa. Porque você não atende durante a semana?
- Oras, só para variar, dois dias de trabalho e cinco de descanso.


P.s.: Devo ter algum problema para sonhar uma coisa dessa.

sábado, 15 de junho de 2013

Vamos nós para o século XXI

     Anteontem, 12 de junho de 2013 ou se assim quiser, dia dos namorados. Cidade lotada, muitos carros, motos, pessoas e mulheres. Mulheres. Mulheres em grupo, mulheres sozinhas, mulheres apressadas, mulheres a apreciar vitrines. Cada uma de um tipo, as nerds, as elegantes, as patricinhas, as pequenas, magras e as fofinhas. Cada uma com sacolas e embrulhos. Umas rindo e outras nem tanto... Algumas até mesmo desfilando com buques de flores. Mas todas elas, nesse século XXI de meu deus, indo à rua "cuidar das coisas":
    Mercado. Arroz. Tempero. Carne. Frango. Legumes. Salada. Bebidas. Vinho. Cerveja. Licor. Vodca. 51, porque não? Sobremesa. Sorvete. Fondue. Torta. Chocolate. Casa. Rua. Presente. Camisa. Colete. Calça. Calçado. Almofada. Meia. Cueca. Cartão. Almoço. Pílula. Embrulho. Trabalho. Escola. Sexyshop. Camisinha. Noite. Velas. Panelas. Comida. Sorriso. Limpeza. Colchão.
    Eu não estou aqui para falar que as mulheres são fantásticas e extraordinárias, eu estou aqui para dizer que nem todas elas querem ser a mulher E o homem no dia dos namorados.


quarta-feira, 15 de maio de 2013

Do tempo para as coisas

Como um passa-tempo-brincadeira-sem-graça transporto as tristezas e sonhos inalcançáveis de uma mão para a outra, da outra para uma mão. Como uma avô esfriando o leite com chocolate. A cada ida e vinda dessa brincadeira de transferir aqueles pensamentos tristes de uma mão para a outra, de uma outra para a mão. Por entre os dedos escorre o líquido, o sabor, revivemos os sonhos que tanto achamos que são impossíveis. É dor. É vontade.  É lembrança. Escorrem pelos dedos. Quanto mais se joga  esse bloco maleável de um lado para o outro, menos dele terá até ser apenas uma gota.
Pra que serviriam então as mãos, se não para fazer acontecer? Oras, só me resta dessa vida sorrir.
Num balanço de vai e vem... sob os ventos e os pássaros.




domingo, 5 de maio de 2013


Foi o tempo que não dedicaste a tua rosa que não a fez tão importante. 
Então, ela se plantou em outro lugar.


segunda-feira, 29 de abril de 2013



Cada pessoa deveria ter a sua própria fragrância nos boticários
 para não acontecer isso de cheirar desconhecidos e lembrar de conhecidos. 

!



quinta-feira, 18 de abril de 2013


"Às vezes, você perde vários poemas, porque sente uma frase, sente algo murmurado no seu espírito e não presta atenção porque está ocupado com os ruídos da vida. É necessário apurar o seu ouvido, ter a humildade de anotar a coisa mesmo quando ela não é muito boa. Pode, de repente, um texto meio nebuloso, meio esquisito, meio simplório demais, dar raiz a um poema posteriormente interessante."


___
Affonso Romano de Sant'Anna

sexta-feira, 12 de abril de 2013

Tatuagem

Tatuagem, me diga, mesmo que sem graça
faria você cor em outra parte
além do coração?

Tatuagem, me diga por quanto tempo arde
se o tempo que te carrego no corpo
daria desgosto se não fosse amor



sexta-feira, 15 de março de 2013


Qual o problema de morrer cedo? Tem tanta gente por ai que já morreu faz tanto tempo que viver é morte e sonhar foi vida.


quinta-feira, 14 de março de 2013

por mais que eu lembrasse de todos os contos de fadas que li e vivi, com certeza aquele não seria um. minha voz cantava docemente para aquele corpo que não me cabia nos braços nem no coração. do canto ao grito. dos gritos as lágrimas, ao fim. nenhuma lágrima, nenhuma canção o acordaria. gota por gota, eu sabia que ele iria antes de mim, não pelos dez anos a mais, mas porque queria estar com ele até o fim para que ele não visse o meu.

_
Tia Lita

quarta-feira, 6 de março de 2013

O que importa?

Às vezes eu fico me perguntando
se quando o violão toca
qual mão que importa?

A que faz a nota ou
a que toca?

Se faz a nota, não toca
e a que toca sem nota
O som não te toca


domingo, 24 de fevereiro de 2013

... quem pode ver viu que de todos os casais aquele é sem dúvida o mais belo, de todas as histórias de amor, incontestavelmente aquela é mais perfeita e de todos os homens aquele é de todos o mais e o último dos samurais. E vivem felizes para sempre.

.fim

domingo, 27 de janeiro de 2013

                                    Nem todo teto é móvel! 
à la france!



domingo, 23 de dezembro de 2012

Viver sem tempos mortos

A impressão que eu tenho é de não ter envelhecido embora eu esteja instalada na velhice. O tempo é irrealizável. Provisoriamente, o tempo parou pra mim. Provisoriamente. Mas eu não ignoro as ameaças que o futuro encerra, como também não ignoro que é o meu passado que define a minha abertura para o futuro. O meu passado é a referência que me projeta e que eu devo ultrapassar. Portanto, ao meu passado eu devo o meu saber e a minha ignorância, as minhas necessidades, as minhas relações, a minha cultura e o meu corpo. Que espaço o meu passado deixa pra minha liberdade hoje? Não sou escrava dele. O que eu sempre quis foi comunicar da maneira mais direta o sabor da minha vida, unicamente o sabor da minha vida. Acho que eu consegui fazê-lo; vivi num mundo de homens guardando em mim o melhor da minha feminilidade. Não desejei nem desejo nada mais do que viver sem tempos mortos.


( Simone de Beauvoir)



domingo, 18 de novembro de 2012



Os momentos de idas e vindas são sempre felizes e não ousaria deixar cair uma única lágrima e nem me hesitar de sair apressadamente e para o cantinho da esquina para ter certeza de que partiria bem. Todos os amores são verdadeiros só que uns são mais que outros.

quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Sem esforço
consigo ver seu tic nervoso com (ou sem) 
relógio





Para a grande pequena longe,
de longe

segunda-feira, 8 de outubro de 2012

Porque aquele bar tinha que ficar logo em frente daquele hotel?


enquanto eu viro
um copo de copos
e olho para aquela janela
lembro do quarto por depois,
a cama, o cobertor, o calor...
sinto o cheio do amor
que há ali daquele dia em diante
Sinto o cheiro, a vontade
lembro da vontade pelo teu cheiro
sinto o primeiro beijo
novamente e novamente e novamente.


quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Queijo tipo minas frescal

Se o leite é adulterado ou clássico
Quando morde ta amargo
Amargo ninguém quer
Quem que gosta de amar...go?
Deram-me a faca e o queijo!
... uma boa faca para um péssimo queijo.

quarta-feira, 5 de setembro de 2012

Na lata



Sou filho do homem e da mulher e irmão do rapaz que é o filho de seus pais. Meu irmão tem os olhos da mãe e as feições do pai, já eu tenho cara de lata de lixo com face enferrujada e caráter de sobra, sobras. Maldita "cultura" que de culta não tem nada. Sou filho bastardo, parente do diabo e de ouro nem pintado.


_
Jon Snow sinta-se contemplado.

sábado, 25 de agosto de 2012

Legítimo


Vivemos A história de amor em caminhos paralelos
Caminhos que não se tocam
E que talvez nunca se tocarão
Pelos laços do “para sempre”
E se isso acontecer
E daí?
Não serei utópica de contos de fraldas...
No fim eu vou ver só o resto do que se foi
Só restará o resto
Resto esse que indo ao contrário da pejoratividade desta palavra
Terá e tem o seu devido valor
E assim, viveremos ainda
Felizes para sempre.


quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Do tempo pro tempo


Eu tenho 99 anos e estou na flor da idade. Ainda tenho dentes na boca, um coração batendo e um monte de alegria para negociar, por que se tem uma coisa que eu aprendi nessa vida é que a gente não dá, a gente troca. Bom, hoje eu venho contar uma triste revolta. Eu fico impressionada como que ainda tem gente em pleno século XXI  que ainda não sabe ler. Eu estava dando mais uma volta hoje cedo, olhando as ruas, os carros coloridos, as pessoas que correm tanto... Eu não sei para onde correm, por que correm, e nem COMO correm, menina! Pois bem, me lembrei, meu amores, que hoje era o dia que saia a tal da aposentadoria, pensei logo “É hoje!”. Já estava imaginando para onde eu iria com aquele voluminho entre os seios... Iria ao salão, comprar maquiagem, fazer as unhas, comprar o perfume que o meu veinho endoida e, é claro, aquele docinho de goiaba. Pois bem, entrei no caixa da plaquinha com meu compadre com uma bengalinha e cheguei para pegar o tal dinheiro naquela máquina – Máquina inteligente! - pensei. Aperta ali, mexe ali, abre a bolsa, aperta as letrinhas, olha pro lado pra ver se não vem um bandido, fecha a bolsa, enfia o cartão e pronto: A máquina não sabe ler... Como assim? Como assim nossa senhora de todos os santos? Em pleno século XXI... Os homens não levam jeito para a modernidade...

segunda-feira, 20 de agosto de 2012

sexta-feira, 27 de julho de 2012

Mito de Panriso


Quem dera foste tu, Pandora
A pan dos sorrisos
Sorrisos de vários tipos
                [tipo cores, tipo verdadeiro sorriso
Quero ser a Panriso
Quero dar pane de tanto riso
Quero que se exploda o mundo
                [dos sorrisos
e que dele caia o que há nesse mundo de mais precioso
O meu, o seu, o nosso
Sorriso.