segunda-feira, 2 de julho de 2012

Um certo mundo



Num dia um alguém me falou que talvez o mundo fosse feito por pessoas. Olhei meio esguio e achei o comentário superestimado demais se não fosse o fato dele falar a mesma coisa significando outra. No prolongar do comentário e dos questionamentos, aquilo não tinha me levado a nada, apenas algumas horas perdidas de discussão e ainda naquela mesma tarde adormecemos com as xícaras do café na mão.
O céu estava azul, um azul bem cor de céu às 14 horas da tarde e havia nuvens pingadas pelos cantos e não me demorei a encostar numa pedra para achar nelas algum significado. Parecia mesmo que aquelas nuvens atendiam aos meus pedidos, quando pensava que seria legal ver um coelho andando com duas patas já saia um lindo coelho andando com duas patas e o rabinho empinado, parecendo até gente. Oras, deve ser para isso que os sonhos servem, eles nos fazem realizar desejos que nem mesmo sabemos que temos. Se sonho é tudo que a gente quer a longo ou a curto prazo. Andei. Andei e via as coisas como jamais tinha visto antes, as mesmas coisas, os pássaros que voavam em bando ou sozinhos, as flores que desabrochavam quase que alternadas dançando e o sol descia e logo mais a lua surgia e que coisa... estas tais estrelas são mesmo muito bonitas.
Quando despertei, o alguém não estava mais ali e por um momento achei que não tivesse dormido ou se dormi estava no sonho do sonho do sonho... A xícara com café ainda estava quente e por alguma razão eu entendi, o mundo é feito por pessoas, pessoas que desenham o céu e que pintam todos os azuis, que fazem os desenhos nas nuvens e treinam o dançar das flores e dos pássaros e, até mesmo, o levantar e o descer do sol incluindo também o chegar das estrelas que decoram as nossas noites com pequenos brilhos, cintilantes e ternos, até o amanhecer. E naquele fim de tarde pude imaginar o rapaz que troca a cor do azul do céu a cada segundo, indo do mais claro ao azul mais escuro, a moça que modelava as nuvens com as pontas do dedos de acordo com nossos pensamentos, o maestro que treinava os pássaros e a serelepe senhora que ensinava a coreografia das estações para as flores e, ao entardecer, o senhor meio idoso com grilos cantando em seus ombros voando e jogando confetes brilhantes que grudam no céu azul-escuro-preto da noite.


_
* a ideia do conto não é de minha autoria, apenas a ousadia de usá-la :)

4 comentários:

  1. um conto deslumbrantemente bem escrito. Sirlara, vc construiu um mundo maravilhoso. Bjos.

    ResponderExcluir
  2. muito bom um dos melhoresq eu li aqui
    viu
    longo pra ler no trampo


    Se sonho é tudo que a gente quer a longo ou a curto prazo

    ResponderExcluir
  3. Acho que fazemos mundos dentro de nós, que se encontram com o mundo de outras pessoas, e é o encontro desses mundos que cria o que chamamos de mundo real ^^
    "All we are is dust in the wind"
    Adorei, Sirlara *-*
    Beijos <3

    ResponderExcluir

"quanto menor a casinha mais sincero o bom dia" (: