domingo, 28 de agosto de 2011

"Foi por amor o assassinato da flor"


Amor: foi o motivo do desfecho desta e de muitas histórias que se denominam de contos de fadas. Meu nome é Fera e conto-lhes hoje uma história de amor. Esse caso ocorreu há muitos anos quando eu conheci a jovem mais bonita de todo o universo: Bela. Ela era uma mulata de cabelo crespo e de olhos verdes, possuía um sorriso encantador. Foi por estas e outras qualidades que eu cometi o crime mais perdoável dos contos de fadas.
Era início da primavera e as flores eram apenas pequenos botões. Eu preferia assim, pois aquele cheiro que saia delas me dava uma ânsia danada, apesar de concordar que as flores deixavam o ambiente bem alegre. Pois bem, naquela manhã eu havia acordado bem cedo e fui alimentar o meu grifo, o Jude, e aproveitei para plantar algumas cebolinhas e salsinhas. E então avistei a Bela com uma cestinha cheia verduras. Se minha horta estivesse grande eu poderia oferecer alguns – pensei. A bela era uma garota incrível, além de sua beleza, ela possuía um caráter mais do que encantador. Decidi chamá-la para tomar um café com alguns pãezinhos, tivemos uma conversa agradável e assim ela ia todos os dias passar as tardes comigo. Falávamos de cogumelos, natureza e, principalmente, das flores prediletas dela. Particularmente, ela que era a minha flor predileta.
Em uma destas tardes, antes mesmo que a Bela chegasse, eu concluí que eu estava completamente apaixonado por aquela garota que me fazia companhia as tardes e sabia, mais do que ninguém, que ela nunca se casaria comigo. Num instante, imaginei a vida daquela moça longe de meus braços para protegê-la e a vi numa pequena casa com uma penca de filho, com o semblante tristonho além das marcas em seu belo corpo de violência do marido. Sua rotina não era nada parecida com o que ela merecia. Rapidamente cheguei à única conclusão que alguém poderia chegar. Peguei o trigo e fui preparar os pãezinhos para o lanche da tarde. Assim que Bela bateu na porta os coloquei no forno. Trocamos algumas palavras e a pedi para buscar os pãezinhos. Quando ela abriu o forno olhei para aquele rostinho lindo e o contemplei pela última fez. Fechei o forno e só ouvi aqueles gritinhos abafados, que logo se apagaram com as chamas. Foi por amor – disse, por mais que tivesse caído uma lágrima de cada olho, eu sabia que seria melhor assim.


3 comentários:

  1. Menina, que história triste, arrepiou, não esperava esse fim.

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  2. Foi por amor (?)
    Triste, mas ótima narrativa.
    Que nunca ninguém faça nada por amor assim, comigo. Coitada da flor. Talvez tenha sido o melhor, será?

    Saudades lara. *-*

    http://amar-go.blogspot.com/

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  3. uau!

    Um passeio pela mente psicopata, surpreendente e criativo, Sirlara.

    Beijos!

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"quanto menor a casinha mais sincero o bom dia" (: