Amor: foi o motivo do desfecho desta e de muitas histórias que se denominam de contos de fadas. Meu nome é Fera e conto-lhes hoje uma história de amor. Esse caso ocorreu há muitos anos quando eu conheci a jovem mais bonita de todo o universo: Bela. Ela era uma mulata de cabelo crespo e de olhos verdes, possuía um sorriso encantador. Foi por estas e outras qualidades que eu cometi o crime mais perdoável dos contos de fadas.
Era início da primavera e as flores eram apenas pequenos botões. Eu preferia assim, pois aquele cheiro que saia delas me dava uma ânsia danada, apesar de concordar que as flores deixavam o ambiente bem alegre. Pois bem, naquela manhã eu havia acordado bem cedo e fui alimentar o meu grifo, o Jude, e aproveitei para plantar algumas cebolinhas e salsinhas. E então avistei a Bela com uma cestinha cheia verduras. Se minha horta estivesse grande eu poderia oferecer alguns – pensei. A bela era uma garota incrível, além de sua beleza, ela possuía um caráter mais do que encantador. Decidi chamá-la para tomar um café com alguns pãezinhos, tivemos uma conversa agradável e assim ela ia todos os dias passar as tardes comigo. Falávamos de cogumelos, natureza e, principalmente, das flores prediletas dela. Particularmente, ela que era a minha flor predileta.
Em uma destas tardes, antes mesmo que a Bela chegasse, eu concluí que eu estava completamente apaixonado por aquela garota que me fazia companhia as tardes e sabia, mais do que ninguém, que ela nunca se casaria comigo. Num instante, imaginei a vida daquela moça longe de meus braços para protegê-la e a vi numa pequena casa com uma penca de filho, com o semblante tristonho além das marcas em seu belo corpo de violência do marido. Sua rotina não era nada parecida com o que ela merecia. Rapidamente cheguei à única conclusão que alguém poderia chegar. Peguei o trigo e fui preparar os pãezinhos para o lanche da tarde. Assim que Bela bateu na porta os coloquei no forno. Trocamos algumas palavras e a pedi para buscar os pãezinhos. Quando ela abriu o forno olhei para aquele rostinho lindo e o contemplei pela última fez. Fechei o forno e só ouvi aqueles gritinhos abafados, que logo se apagaram com as chamas. Foi por amor – disse, por mais que tivesse caído uma lágrima de cada olho, eu sabia que seria melhor assim.
Menina, que história triste, arrepiou, não esperava esse fim.
ResponderExcluirFoi por amor (?)
ResponderExcluirTriste, mas ótima narrativa.
Que nunca ninguém faça nada por amor assim, comigo. Coitada da flor. Talvez tenha sido o melhor, será?
Saudades lara. *-*
http://amar-go.blogspot.com/
uau!
ResponderExcluirUm passeio pela mente psicopata, surpreendente e criativo, Sirlara.
Beijos!