segunda-feira, 23 de maio de 2011

Um dia como formiga*


Um dia como formiga (mesmo sendo uma formiga) é aquele dia, que a gente acorda dormindo, come de cabeça para baixo e respira semi-morto, sabe como é, né? Não sei lidar muito com esta situação de escrever, nem de me sentir tão miúda: formigas só andam e filosofam (ou seria o contrário?).  Pra falar a verdade, essa história de “um dia como formiga” foi coisa da rainha V(ida). Eu estava andando com minha folhinha na boca e uma caneta (sim, com uma caneta ninguém nunca sabe quando vai vir àquela frase filosófica, né?). Então, estava naquele rema-rema e a rainha V me perguntou se eu não tinha alguém A(mor). Fiz aquela boca de O. Depois ela me perguntou se eu não amava ninguém, eu não respondi nada (claro, quem responde rainha?), mas ela disse que ia me ajudar a amar. Eu não quero amar – pensei. Todo mundo por aqui no formigueiro ama, é um te amo pra cá, você é meu amor pra lá, é uma baita confusão. Então foi por isso que eu resolvi parar para escrever, e tentar assim entender como algo que parece tão bonito ficou tão banalizado. Hoje (agora), eu cheguei a conclusão que eu não sinto esse tal de amor pelo meu alguém A. Isso que sinto é grande, forte e esmagador de tão bom e faz eu me sentir assim, uma formiga pequena, e é por isso que não amo: mordo.

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* nota do autor: Pegadinha do malandro! rsrs Mas era necessário para falar sobre um tema tão importante. Abraço ;*

terça-feira, 17 de maio de 2011

Vagalume




De onde vem esse lume
Que me convida para dançar?
Essa vaga dança,
dança dos vagalumes?

E quando lume vem,
parece estrela baixa do ar.
Vou andando sem desdém,
para te alcançar.

Menino lume, não se vá.
Te dou minha brincadeira predileta,
essa história de correr sem pressa,
Entre os lumes, em linha reta.

Mas vagalume não é só bumbum de luz,
Vagalume é tudo.
É lume, é vago...
é algodão-doce, papo é legume.
É você, o meu doce vago, o meu vagalume.

segunda-feira, 9 de maio de 2011

Malditos bolinhos de chuva



 
Ele me deu um sorriso meio de lado. Não me lembro se era para o lado esquerdo ou direito, mas sei que não foi no meio (que pena). Ele me deu também um olhado, eu juro que não foi achado, ele me deu mesmo, me deu que eu sei. Eu sei.
Da minha infância eu me lembro muito pouco, mas me questiono se não lembro mais da minha infância do que as coisas que me acontecem hoje em dia. Será?
Todo dia era assim. O despertador tocava, tocava, tocava, eu continuava deitada, mas não por preguiça, mas de tão boba que eu ficava. Lembrando dele, pensando nele - como você é lindo – eu repetia na esperança de dizer um dia isso a ele. Defronte do espelho eu via a felicidade sorrindo para mim e pensava: É claro que vou te encontrar!  Minha mãe logo vinha certificar se eu estava acordada, pedia uma escova e fazia trancinhas no meu cabelo. Eu descia as escadas e tomava café e quando tinha bolinhos de chuva... Ah, quando tinha bolinhos de chuva eu era a pessoa mais confiante do mundo e geralmente era o dia em que eu sorria para ele.
Essa história que conto hoje aconteceu em um desses dias, o dia em que tinha bolinhos de chuva (malditos!). O dia estava lindo, grande e forte. Eu estava com o uniforme que eu mais gostava a saia xadrez de prega e meus sapatos marrom-claser e, é claro, com duas trancinhas, uma de cada lado. As meninas da minha sala não gostavam de mim, eu também, sinceramente, não gostava de mim (nem delas). Elas não gostavam do jeito que eu me vestia e falava, e só depois de um tempo que eu descobri o motivo. Bom, nesse dia eu cheguei mais cedo, e me sentei no meio da fila, perto de onde ele sentava. Não havia ninguém na sala e pela primeira vez eu me senti à vontade naquele lugar e pude olhar em volta e perceber tudo. O quadro estava um pouco velho e tinha marcas de fungos, no lado esquerdo tinha um mural com as atividades, do lado direito, ao pé do quadro, havia uma cadeira onde pousava o mais temível de todos os medos da face da terra: o chapéu de burro.
Naquela manhã tinha aula de leitura e eu odiava. Odiava com todas as minhas forças, mas eu estava tão feliz que aquela tensão havia passado (momentaneamente). Meus colegas não demoraram a chegar, não os observei muito, mas quando ele entrou... Ah, quando ele entrou, foi impossível não reparar. Meu coração acelerou, meu rosto ficou vermelho eu contrai os lábios e então tomei coragem e fixei meus olhos nos dele. Ele olhou para mim e sorriu, o sorriso maior do mundo e para mim foi quase um beijo. E fiquei assim, sorrindo internamente, por uns quinze minutos, não vi professora, não vi os colegas, não vi nada além do lápis e a carteira. Comecei a desenhá-lo, desenhei primeiro o cabelo, era a parte que eu mais gostava dele, era grande, liso. Depois desenhei seus lábios, não que eu os quisesse beijar, mas eram lindos e parecia ter textura de uva sem caroços porque uva com caroços é uma tristeza. Em seguida fiz uma bolinha bem pequena que era o seu nariz, é claro que não era lá o nariz mais lindo do mundo (era enorme). E por fim desenhei seus olhos azuis.
 O que vem a acontecer agora foi muito rápido, só senti meu lápis sendo arrancado de mim de forma muito bruta, depois meus bracinhos apertados e uma dor terrível nas costas.
- Que diabos esta fazendo?! – berrou a professora cuspindo na minha cara. Diabos? Pensei em parar para questionar o que significava aquela palavra, mas eu já estava quase ajoelhada sem saber o que fazer, sem saber o que sentir, sem saber literalmente o que era vergonha.
- De-des-culpa, pro-pro-profe... – e o resto não saiu. O riso na sala foi unânime e só me restou uma dor que esmagava minha garganta, uma dor que só quem é gago entende. Eu nunca soube por que eu falava assim, meu pai dizia que era o charme que Deus me deu e que as crianças que falavam assim eram protegidas pelos anjos, mas eu não sabia que as pessoas não pensavam assim. Fiquei o resto da aula sentada do lado direito do quadro, com o chapéu na cabeça, eu queria muito que meu pai estivesse ali para explicar para todos que aquilo era meu chame e que eu seria protegida para sempre pelos anjos.

domingo, 8 de maio de 2011

Aprendendo francês




Como criança, perdida pelas rues
Je vou alegre e encantada
Encontro um bonjour
E digo: - Amado, je t’aime

Problèmes pelas rues
Ne désespérez pas
Je m’appelle esperança
E estou aqui para te ajudar

Je suis comme un enfant
En apprendre français
Enchanté
Comment le français doivent être



___________
Vocabulário:

Rues = ruas
Je = Eu
Bonjour = bom dia
Je t’aime = Eu te amo
Problèmes = problemas
Ne désespérez pas =não desespere
m’appelle = me chamo


"Je suis comme un enfant
En apprendre français
Enchanté
Comment le français doivent être"


Sou como uma criança
Aprendendo francês
Encantada
Como o francês deve ser

 

sexta-feira, 6 de maio de 2011

Lugar de boas lembranças




Papelão, um pouco amassado.
Jogado ao chão, até parece inutilizado
Pego, dobro desdobro,
viro ao avesso.
Faço, disfarço, refaço
Uma linda caixa,
sem cor, fumaço.

Nela escrevo
versos intermináveis
traçados em paralelos.
Versos de letras, desenhos ou simples traços.
Versos mudos, calados.
E me inspiro, mas entrego a magia.

- Magia, espero que se expresse por mim.

Eu fiz uma caixa.
Que nela guardo todas as boas lembranças.
Pintei de vermelho
e a chamei de
       coração.

quarta-feira, 4 de maio de 2011

Ser grama



 
- Definitivamente eu quero ser uma grama!
- Porque?
- Elas não precisam crescer.
- Mas as pessoas pisam e deitam na grama.
- Então, eu preciso de um ancinho.
- De que isso resolveria seu problema?
- O meu eu não sei, mas elas precisam de todo carinho do mundo...

segunda-feira, 2 de maio de 2011

Eu te prometo


- Eu te prometo, farei de ti a pessoa mais feliz do mundo!
- Não encha minha cabeça com besteiras, estou há tempos procurando meus chinelos.
- Te juro que se me der um sorriso e jogar xadrez comigo, caso contigo.
- Fará de meus dias os dias mais perfeitos? Se não o fizer, te jogarei para os dragões.
- Você não teria coragem!
- Nem você faria dos meus dias os dias mais felizes do mundo...